https://amzn.to/3mULCxf AVALIAÇÃO ESCOLAR: Avaliação da Aprendizagem - Texto 02

20 de julho de 2011

Avaliação da Aprendizagem - Texto 02

Por: Sandra Zakia

Para dar uma ideia inicial da concepção de avaliação de aprendizagem que estamos assumindo, optamos por reproduzir entrevista que demos a grupo de professores de uma rede municipal do estado de São Paulo, atuantes na coordenação pedagógica. As questões foram propostas por eles, o que nos faz supor que também possam ser interessantes para um início de diálogo sobre o tema, em um curso destinado a coordenadores pedagógicos.
Ao ler as respostas dadas às questões da entrevista, vá registrando suas concordâncias, discordâncias, dúvidas e observações. No decorrer dos estudos a serem realizados nesta Unidade, esperamos trazer elementos que lhe permitam cotejar diferentes posições e tensões que se manifestam quando o assunto é avaliação da aprendizagem.
Segue-se a entrevista:
[Q 1 - Diante dos desafios que a educação vem enfrentando a avaliação escolar pode ser considerada adequada?
Sandra: Precisamos tomar cuidado quando falamos acerca das práticas avaliativas para não fazer afirmações de modo a generalizá-las. Com isso quero dizer que as considerações que apresento acerca do tema têm como referência as características que se mostram dominantes nas escolas, embora reconheça que há iniciativas em curso que caminham em direção divergente a essas tendências. Usualmente a avaliação é vivenciada tendo como principais finalidades a classificação e seleção dos alunos, servindo à discriminação escolar e social e, portanto se constituído em um poderoso instrumento de negação do direito à educação. Tal perspectiva atende a um projeto educacional que assume ser papel da escola selecionar alunos e não o compromisso de promover a aprendizagem de todos. Portanto, não há em abstrato uma avaliação que possa ser considerada adequada. Os critérios para julgar sua adequação emergem do projeto educacional e social que é assumido pelos educadores.
Q 2 - Em geral o aluno apresenta progressos em sua aprendizagem ao longo do ano letivo. Contudo, estes não são suficientes para que o mesmo consiga uma menção satisfatória. Como valorizar o progresso obtido tendo em vista a existência de um sistema que restringe a avaliação a notas e conceitos?
Sandra: O problema central não é a existência de notas ou conceitos, mas sim o processo de sua “produção” e o que se faz a partir dos resultados apresentados pelos alunos. Além disso, também temos que considerar a rigidez da organização seriada de ensino, que supõe tempo e espaço delimitados para que todos aprendam. Ou seja, penso que o desafio é enfrentarmos a lógica de organização do trabalho na escola.
 Q 3 - Como fazer da avaliação uma aliada do processo de ensino e aprendizagem em lugar de instrumento de classificação, estigmatização e reprovação do aluno?
Sandra: O caminho é vivenciar a avaliação como atividade inerente ao processo de ensino e de aprendizagem, que seja reconhecida como uma atividade de investigação do estágio de desenvolvimento do aluno e que se coloque com outros fins. Só vamos alterar o “como” fazemos a avaliação se a concebermos com outras finalidades que não a classificação e seleção.
Q 4 - O que poderia caracterizar um profissional de educação competente no desenvolvimento do trabalho de avaliação dos alunos?
Sandra: Os critérios para julgar se um educador é ou não competente dependem das concepções que orientam tal julgamento. Mas entendo ser fundamental ele ter clareza quanto aos objetivos que espera alcançar com o desenvolvimento do trabalho. Daí decorre a clareza de critérios para analisar o desempenho dos alunos e para tomar decisões sobre as ações subseqüentes. No entanto, no contexto da escola, precisamos ir além da preocupação com a competência individual do profissional e caminharmos em direção à competência coletiva, que tem como referência o projeto de escola.
Q 5 - De que maneira a avaliação contínua contribui para a formação do aluno?
Sandra: A avaliação pode favorecer uma relação de compromisso do aluno com o trabalho escolar. O professor pode criar as condições para que o aluno se situe como sujeito da avaliação, estimulando-o a identificar o que já sabe, a situar suas dificuldades, a estabelecer propósitos. Se conduzida com propósitos emancipatórios, a avaliação contribui para que o aluno se conheça melhor, identifique suas potencialidades e dificuldades e estabeleça projetos, não só em relação à escola, para a vida.
Q 6 - Considerando o contexto atual da escola pública, haveria instrumentos de avaliação a serem priorizados pelos professores?
Sandra: Costumo dizer que não há “o melhor” instrumento de avaliação. Todo instrumento de avaliação é adequado desde que permita coletar as informações que se deseja, tendo em conta os objetivos previstos. Por exemplo, a “prova escrita”, instrumento de avaliação muitas vezes criticado, pode ser perfeitamente útil para avaliar determinados conhecimentos ou habilidades. O problema não é a prova, o problema é o que se faz com os resultados da prova.
Q 7 - Para muitos, a avaliação escolar ainda é vista como sinônimo de notas a serviço da promoção ou retenção do aluno. Como reverter esta prática de forma a garantir uma perspectiva crítica de educação?
Sandra: Transformar as práticas avaliativas supõe, para além de informações teóricas sobre o tema ou de sugestões sobre procedimentos de trabalho a serem adotados, um confronto com os valores que direcionam e alimentam a prática escolar e um desejo de ruptura com uma lógica classificatória e excludente. Vou reproduzir aqui o que explorei em um artigo em que tratei deste desafio: transformar o significado da avaliação, supõe o desvelamento dos princípios que norteiam as práticas avaliativas, procedendo à sua análise não apenas em uma dimensão técnica, mas, também, em uma dimensão política e ideológica.
Não basta tomar conhecimento das críticas que são feitas, é preciso construir, a partir delas, a própria análise e reflexão, individual e coletivamente na escola, o que se desencadeará quando existir, de fato, um compromisso com uma prática capaz de promover permanência, terminalidade e ensino de qualidade para todos. A existência deste compromisso é condição necessária para um redirecionamento do significado da avaliação escolar, como dimensão intrínseca do processo educacional.
Q 8 - É possível alterar o paradigma predominante de avaliação frente às exigências burocráticas da escola e do sistema?
Sandra: A possibilidade está dada pelo desejo de mudança nas finalidades da avaliação. A legislação vigente, as normas e as exigências comumente estabelecidas pelas Secretarias de Educação não inviabilizam uma perspectiva de ruptura com o paradigma predominante nas escolas.
Q 9 - Tendo em vista um sistema de médias e notas o que cabe ao coordenador pedagógico fazer para implementar um trabalho de avaliação formativa?
Sandra: Como já mencionei antes, o problema não é a existência de notas ou conceitos, mas o processo que se vivencia até sua atribuição. Nota não é avaliação, a nota é uma representação simplificada do julgamento. A questão central é “para que” se está produzindo o julgamento, dito de outra maneira, “para que se está fazendo a avaliação?” Entendo que ao coordenador pedagógico cabe suscitar esta questão aos professores e alunos. A participação dos que integram a organização escolar é condição para a proposição de perspectivas de avaliação que se contraponham à tendência que tem sido dominante, evitando-se que novas regras ou acordos formais sejam estabelecidos sem que tenham força para impulsionar transformações nas práticas vigentes.
Q 10 - É possível desenvolver um trabalho de avaliação que considere as limitações de aprendizagem de alunos portadores de síndromes ou déficits cognitivos?
Sandra: Não só é possível, mas é desejável, ou melhor, é o que se espera de uma avaliação que se coloque a serviço da promoção do desenvolvimento de todos os alunos. A função da avaliação é diagnosticar e estimular o avanço do conhecimento. Seus resultados devem servir para orientação da aprendizagem, levando-se em conta as características de cada aluno e sua interação com o trabalho escolar.
Q 11 - A autoavaliação pode ser considerada como instrumento adequado à avaliação do aluno? Em quais circunstâncias?
Sandra: Estimular o aluno, por meio da autoavaliação, a uma análise de sua própria produção e de sua interação escolar e social, é uma das importantes funções do processo avaliativo. É uma prática que contribui para que o aluno se conheça melhor e não demanda circunstâncias específicas. Entendo que procedimentos de autoavaliação devem integrar a avaliação desde o início da escolarização. Aprendemos a nos avaliar vivenciando a avaliação, nesse sentido as oportunidades criadas pela escola são muito importantes. 

NÃO SE ESQUEÇA DE ANOTAR  SUAS CONCORDÂNCIAS, DISCORDÂNCIAS, DÚVIDAS E OBSERVAÇÕES EM RELAÇÃO AO QUE FOI APRESENTADO NA ENTREVISTA.

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